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Amor de Don Perlimplín com Belisa no seu Jardim

A Tarumba

de Federico García Lorca

 

Estreou a 15 de novembro de 1996 na Litografia de Portugal, no Bairro Alto. Espaço onde a companhia esteve sediada até 2005.

 

Espetáculo emblemático da companhia, que se manteve em cena até 2008, com grande êxito nacional e internacional, “Amor de Don Perlimplín...” obteve o Prémio para a Melhor Dramaturgia no Festival Internacional de Marionetas de Praga (Junho de 2001), tendo sido ainda nomeado para o Prémio de Melhor Manipulação. Desde 1998 esteve presente em vários festivais internacionais, nomeadamente, em Espanha, Brasil, República Checa, Índia, Paquistão, Hungria, Argentina, Reino Unido, Portugal, entre outros.

 

No âmbito do evento Coimbra - Capital Nacional da Cultura 2003, a Tarumba recriou “Amor de Don Perlimplín...” em colaboração com o Ensemble Barroco do Chiado, numa nova versão com música ao vivo, interpretada por uma orquestra de câmara.

 

Objeto de um amor logrado, Don Perlimplín, senhor de muitas terras, gansos e ovelhas, assume aqui a personagem de um velho ridículo de alma pura e virginal como uma criança. Envelhece sem chegar a conhecer verdadeiramente a vida. Descobre o amor num casamento imposto pela criada (Marcolfa, alter ego de sua mãe), momento iniciático esse em que espreita o corpo de Belisa. Belisa é um belíssimo animal sem alma, dorme com as cinco raças da terra e na manhã seguinte à noite de núpcias, Don Perlimplín acorda cruelmente adornado com um par de cornos dourados e florescidos. O amante espera ser imolado pelo sacrifício. Na aparente sagração do amor, Don Perlimplín arquiteta todo um plano oculto de vingança. Faz-se passar por um belo jovem, envolto na sua capa vermelha, “vermelha como o seu sangue”, conquista o coração de Belisa, desespera-a de amor, para no final...

 

Opereta de câmara para marionetas no libreto original, “Amor de D. Perlimplín com Belisa no seu Jardim”, foi recreada a partir da ideia original do poeta, com marionetas e música escrita por Lorca, recolhida por Gustavo Pittaluga junto das irmãs do poeta e interpretada por músicos portugueses.

 

Vítima de aparentes intrigas, perdas inexplicáveis dos sucessivos manuscritos; perseguida pela polícia e retida durante anos acusada de imoralidade; publicada à sombra das obras ‘maiores’ do poeta, “Amor de Dom Perlimplín...” é sem dúvida uma obra chave na produção de Lorca.

 

“Amor de Don Perlimplín...” foi adaptado com o objetivo de ir ao encontro do primeiro esboço feito pelo poeta para este espetáculo, inspirado no Teatro de Aleluias da sua infância e, simultaneamente, prestar homenagem a Federico García Lorca, acusado de imoralidade, traído pelos amigos e assassinado por aqueles que gritavam “Morte à inteligência!” e “Viva a Morte!”.

 

"Este Amor de Don Perlimplín com Belisa no seu Jardim revela-se (...) um prazer/revelação. Por variadas razões (...) pela vivacidade imprimida às personagens, pelos cenários de bom gosto, passíveis pois de bem dizer, pela sua simplicidade, cor, alegria e funcionalidade, pela excelente manipulação, pela conseguida recriação do espírito oitocentista (Luís Vieira não põe de parte uma visita a António José da Silva!), ou ainda pelos magníficos bonecos - verdadeiras peças de arte - que a própria companhia elaborou (...). Do elenco, recheado de marionetistas a rigor, fique o registo da nossa apreciação positiva (...). Excelentes vozes, boa técnica a nível de manipulação, dramaticidade e alegria q.b. conferindo às personagens a veracidade e vida necessárias, fazem deste espectáculo um tributo à espontaneidade e à criatividade."

-Pedro Teixeira Neves (Semanário, 7 de dezembro de 1996)


"Há um novo espaço no Bairro Alto. A Litografia de Portugal (Rua da Rosa, 311) cedeu parte das instalações à Tarumba - Teatro de Marionetas, que ali vai repor hoje mesmo Amor de Don Perlmplín com Belisa no seu Jardim (...). Essas características - o humor e a poesia inconfundível de Lorca - não se perdem nesta produção da Tarumba, um grupo que se tem afirmado neste género de teatro, apurando muito as formas de manipulação e criando espectáculos exigentes. É o caso deste Dom Perlimplim (...)."
-Manuel João Gomes (Público, 6 de fevereiro de 1997)


"Federico Garcia Lorca encontrou nas marionetas o caminho do teatro e com elas deu os primeiros passos. O grupo A Tarumba trata de nos lembrar esse primeiro amor (...). Mais uma razão para não perder este espectáculo de A Tarumba e desvendar as razões do amor do poeta pelas marionetas. Verão que não se arrependem.
-José Mendes (Diário de Notícias, 14 de março de 1997)


"O projecto da Tarumba - Teatro de Marionetas consolida-se com a produção agora reposta na Litografia de Portugal (...). Uma opereta tragicómica interpretada por marionetas. Inclui a partitura criada pelo próprio autor."
-Manuel João Gomes (Público - Caderno Zap, março de 1997)


"O teatro da Costa do Castelo acolhe de novo este Perlimplim feito por marionetas e enriquecido com trechos musicais concebidos por Lorca. É uma das mais curiosas produções lorquianas em cena neste ano do centenário do poeta (...)."
-Manuel João Gomes (Público, 24 de abril de 1998)


(...) Hoje às 13h30, passa fugazmente pelo pequeno auditório do Teatro Rivoli, no Porto, Integrada na série de eventos à volta de Federico Garcia Lorca (...). A faceta titeriteira e musical de Lorca é, por isso, suficientemente importante para quem queira aprofundar o conhecimento do homem de teatro e poeta. Mesmo que seja preciso adiar a hora do almoço, esta é uma oportunidade a não perder."
- Manuel João Gomes (Público, 26 de maio de 1998)


"Uma das últimas ousadias desta companhia de bonecos manipulados foi uma belíssima ópera para teatro de bonecos, sobre a peça Amor de Don Perlimplim, aleluia erótica de Federico Garcia Lorca. O espectáculo assinalou em Lisboa e no Porto o primeiro centenário do nascimento do poeta andaluz."
- Manuel João Gomes (Público, 22 de novembro de 1998).

 

Festivais:
-FIMFA Lx4 - abertura do festival (Casa d’Os Dias da Água, Lisboa, 2004);

-Wee Bit of Portugal Festival (Scottish Mask and Puppet Centre, Escócia, 2004);
-Festival de Música das Caldas da Rainha (2004);
-Coimbra - Capital Nacional da Cultura (Museu dos Transportes, 2003);

-IV Festival Internacional de Teatro de Títeres, Objectos y Visual - abertura do festival (Granada, Espanha, 2002);
-Festival Internacional de Formas Animadas de São Paulo (SESC Pompeia, Brasil, 2001);
-V World Festival of Puppet Art (City Library, Praga, República Checa, 2001);
-Darpana Puppet Festival (Ahmedabad, Índia, 2000);
-V International Puppet Festival of Pakistan (Lahore, Paquistão, 2000);

-IX Iron Rooster International Puppet Festival (Gyor, Hungria, 2000);

-Festival International de Títeres, UNIMA - Santa Fé (Argentina, 1999);

-Festival Internacional de Marionetas do Porto (Teatro Rivoli, 1998).

 

FICHA ARTÍSTICA
Direção artística, encenação e marionetas: Luís Vieira Adaptação: Luís Vieira, Rute Ribeiro Atores-manipuladores: Rute Ribeiro, Luís Vieira, Fernanda Cruz, Paulo Figueiredo, Catarina Fonseca / Vera Alvelos, Susana Esteves Pinto, Tiago Pereira, João Calixto Cenografia e figurinos: João Cardoso, Luís Vieira Mestra de costura: Elvira Martins Sapatos: Rute Ribeiro Operação de luz e som: António Pedro Figueiredo / Jorge Cramez / Paulo Belém /
166 Hugo Sousa / José Rui Adereços: António Lino Fotografia: Alípio Padilha, Luís Vieira, Pedro Barros  Técnica: Marionetas de fios

Com a participação do Ensemble Barroco do Chiado: Luísa Tavares (soprano), Marcos Magalhães (cravo), António Carrilho (flauta de bisel), Nuno Vasconcelos (guitarra), Álvaro Pinto (violino)

Gravaram em estúdio: Marco Santos (tenor), Norma Silva (cravo), Gil Alves (flauta transversal), José Manuel Tavares (guitarra), Carlos Passos (violino)

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