Workshop Os Bonecos de Santo Aleixo
Projeto Funicular: Workshop
OS BONECOS DE SANTO ALEIXO
Coordenação: José Russo & Ana Meira (Bonecos de Santo Aleixo)
10 a 13 de março de 2022
Quinta a domingo
São Luiz Teatro Municipal - Sala de Ensaios
PROJETO FUNICULAR*
Um projeto internacional de formação na área do Teatro de Marionetas do CAMa - Centro de Artes da Marioneta | A Tarumba
Com o apoio do São Luiz Teatro Municipal
Um workshop único com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre os Bonecos de Santo Aleixo, bem como uma aproximação às técnicas de manipulação e elocução desta realidade artística com características muito singulares no panorama das marionetas tradicionais.
"Os Bonecos de Santo Aleixo pertencem a um tipo que é antepassado de toda a espécie, se bem que as actuais figuras de pau não sejam senão a cópia, datando apenas de 1940, dos modelos originais de que se conservam os caracteres arcaicos até na movimentação executada quase exclusivamente por meio de um varão."
-Michel Giacometti
Destinatários: Marionetistas, atores, encenadores, artistas plásticos, estudantes de artes visuais e performativas
N.º de participantes: 10
Horário: Quinta a domingo das 16h às 19h
Idioma: Português
Custo: 50€
Data limite de inscrição: 3 de março de 2022
Confirmação de participação: 4 de março de 2022
Atenção: caso se inscreva nos dois workshops ("Os Bonecos de Santo Aleixo" e "A realidade posta à prova no palco",
dirigido por Les Frères Pablof), e for selecionado para ambos, terá um desconto de 20€ na segunda formação.
INFO E INSCRIÇÕES
A inscrição no workshop (sujeita a seleção) é realizada através do preenchimento da ficha de inscrição, que pode também solicitar via e-mail, à qual deverá ser anexada uma nota biográfica, acompanhada de carta de motivação. Pode enviar a documentação necessária via e-mail para: projectofunicular@gmail.com ou atarumba@gmail.com
A formação abordará o repertório, a organização do espetáculo, a manipulação e circulação dos Bonecos, as características das personagens, a intervenção musical assegurada, ao vivo, por uma guitarra portuguesa, a preparação do pês louro (resina de pinheiro) que garante os surpreendentes fogacheis, as pequenas velas dos anjos ou as bombinhas artesanais e a utilização da candeia de azeite que garante a iluminação do retábulo onde o espetáculo acontece.
Estes processos enquadram-se no trabalho que tem sido realizando com os Bonecos de Santo Aleixo, nomeadamente na preservação e valorização deste importante espólio do património teatral português.
Já vão longe os tempos em que no Alentejo o teatro dos títeres era uma das poucas diversões das gentes destes lugares, mas a verdade é que estas “figuras de pau” continuam a alimentar conversas na aldeia de Santo Aleixo que lhes deu o nome, mas também em muitos cantos do mundo, onde a magia do espetáculo parece até fazer esquecer a barreira da própria língua.
Fotografias: Paulo Nuno Silva
BIO
Estes títeres tradicionais do Alentejo parecem ter tido a sua origem na aldeia que lhes deu o nome. São marionetas de varão, manipuladas a partir de cima, à semelhança das grandes marionetas do Sul de Itália e do Norte da Europa, mas diminutas, entre 20 e 40 centímetros, feitas de madeira e cortiça, vestidas com um guarda-roupa que permite, como no teatro naturalista, identificar as personagens da fábula contada. O essencial dos meios utilizados é composto por um lugar de representação chamado “retábulo”, construído em madeira e tecido florido, reproduzindo um palco tradicional em miniatura, com pano de boca, cenários pintados e iluminado com candeias de azeite. Possui uma rede dupla de cordéis, colocada verticalmente entre os Bonecos e o público. Os manipuladores estão ocultos por panos de chita. A música, guitarra portuguesa e cantigas, é interpretada ao vivo e os textos, transmitidos oralmente, resultam de uma fusão entre a cultura popular e uma escrita erudita. O repertório consiste em peças de tradição secular, de teor basicamente religioso, para além de outras, cujos textos pertencem, em geral, à chamada literatura de cordel. A representação inicia-se sempre com o Baile dos Anjinhos ou Contradança. As figuras carismáticas são o Padre Chancas e o Mestre Salas, que, por tradição, tem uma moca, com a qual castiga ou abraça o Padre, enquanto este prega.
As referências mais antigas remontam ao século XVIII, mas os Bonecos que chegaram ao século XXI foram revelados por Michel Giacometti e Henrique Delgado, a partir de 1967, e terão tido origem em meados do século XIX. Os textos terão sido “criados” ou “reelaborados” por um certo Nepomucena, e transmitidos oralmente, de pais para filhos, bem como o estojo de bonecos, até chegarem ao casal Manuel Jaleca e a Antónia Maria, que os recebera dos seus antepassados. Este agrupamento percorria o Alto Alentejo numa carroça puxada por um muar, exibindo-se, geralmente, em palheiros ou celeiros. Jaleca, em colaboração com António Talhinhas, prossegue a tradição, acabando este por lhe adquirir todo o material. Em 1978 a Assembleia Distrital de Évora adquiriu o espólio e entregou-o ao Centro Cultural de Évora, que, desde 1980, fez a recolha do repertório e, através de ensaios com o próprio Talhinhas, formou uma nova “família” com atores profissionais. A pesquisa foi assegurada por Alexandre Passos que acompanhado por Manuel da Costa Dias garantiu também a recolha do repertório na primeira fase. A partir da fixação desta nova “família” dos Bonecos, a conclusão da recolha foi assegurada pelos atores que a constituem. Estes garantem a permanência do espetáculo, assegurando assim a continuidade desta expressão artística alentejana e única no mundo.
Conhecidos e apreciados em todo o País, com frequentes deslocações aos locais onde tradicionalmente se realizava o espetáculo, os Bonecos de Santo Aleixo, propriedade do Centro Dramático de Évora (CENDREV), participam habitualmente em muitos eventos internacionais fora do País e são anfitriões da BIME - Bienal Internacional de Marionetas de Évora.
Materiais necessários:
-Os participantes devem trazer roupa confortável.
⇨ Medidas Preventivas COVID
O acesso aos workshops só é possível mediante a apresentação de:
Certificado digital de vacinação que ateste o esquema vacinal completo há, pelo menos, 14 dias / ou certificado de testagem laboratorial, com resultado negativo (PCR realizado nas 72h anteriores ao workshop) / ou antigénio realizado nas 24h anteriores ao workshop) / ou certificado de recuperação, que ateste a recuperação de infeção por Covid há menos de 6 meses.
Não são válidos autotestes.
É obrigatório o uso de máscara no interior do teatro.
Sujeito a alterações de acordo com as medidas de controlo da pandemia.