FIMFA Lx25 - Destaques
A abertura do FIMFA decorre no Teatro São Luiz com Uma Casa de Bonecas, um espetáculo surpreendente inspirado na peça de Henrik Ibsen, pela reputada encenadora Yngvild Aspeli, cuja obra-prima Moby Dick maravilhou o público na abertura do FIMFA Lx21, e que é atualmente uma das principais figuras mundiais das artes da marioneta, com as suas extraordinárias propostas cénicas para produções em grande escala. A sua companhia franco-norueguesa Plexus Polaire, conhecida pelas suas encenações com marionetas de tamanho humano, regressa ao FIMFA para nos levar numa mistura virtuosa de encenação e ilusão teatral, aclamada pela crítica. Yngvild Aspeli interpreta Nora e a sua sala de estar enche-se gradualmente de criaturas curiosas e assustadoras. Mergulhamos num mundo na fronteira do fantástico, onde a heroína é prisioneira da sua própria teia de mentiras, tecida ao longo dos anos, e em que cada elemento visual e auditivo ajuda a ilustrar a busca de Nora pela liberdade e emancipação. Uma fusão singular de atores e marionetas, pássaros e corpos híbridos, numa criação que nos assombra, encanta e liberta velhos espectros.

Outro dos grandes momentos do Festival será a apresentação de A Sagração da Primavera, da companhia italiana Dewey Dell, no Teatro Variedades, em coprodução com o Teatro Nacional D. Maria II. Por detrás da Dewey Dell estão as coreógrafas Teodora e Agata Castellucci, o dramaturgo e desenhador de luz Vito Matera e o compositor Demetrio Castellucci (três do grupo são filhos do encenador Romeo Castellucci). Dewey Dell reimagina a obra revolucionária de Stravinsky com uma energia crua e primordial, oferecendo uma nova perspetiva sobre a partitura intemporal. A poderosa sedução da música choca com a energia furiosa dos corpos dos intérpretes, e com os incríveis figurinos, inspirados em insetos, criando uma experiência visceral absolutamente fascinante!

No Teatro São Luiz nos primeiros dias da abertura, não se admirem se virem uma galinha enorme e um ovo com pernas, a deambularem pelo teatro e a interagirem com o público. Tentam responder à velha questão: Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? É La Frittata, pelo Théâtre Gudule.
A companhia francesa Bakélite, considerada uma das referências do teatro de objetos, caracterizada pela meticulosidade e humor, apresenta L’Amour du Risque, um balé hilariante para robots aspiradores e um olhar irreverente sobre a forma como entrelaçamos as nossas vidas com a tecnologia. Irresistível!
E agora preparem-se para o espetáculo mais curioso e estranho que já alguma vez viram, e absolutamente imperdível! Epidermis Circus pela companhia canadiana SNAFU - Society of Unexpected Spectacles, em que uma experiente marionetista faz um filme ao vivo, apenas com objetos comuns, uma câmera, o seu rosto, a sua boca e as suas mãos. Vão ser gargalhadas estridentes para uma imaginação sem limites, Ilusões alucinantes e até algumas questões filosóficas, que criam uma verdadeira reviravolta surrealista no nosso cérebro. Um espetáculo que David Byrne, dos Talking Heads, convidou para apresentar no seu espetáculo de variedades em Nova Iorque. Louco, picante, engenhoso e hipnotizante!
O Teatro de Marionetas do Porto apresenta Armazém 88. Um mergulho no universo do fundador da companhia, João Paulo Seara Cardoso, com um espetáculo criado a partir do seu arquivo adormecido, em que recuperaram marionetas, materiais, ideias e conceitos, tirando partido da intemporalidade e transmudação das marionetas. O Teatro de Marionetas do Porto comemora este ano 37 anos e o FIMFA junta-se a esta homenagem às encenações de João Paulo Seara Cardoso.
A Tarumba estreia em Lisboa a sua última criação, Dramas Curtos em Miniatura, que parte do conjunto de peças curtas cómicas escritas para marionetas, Drama for Fools, por um dos grandes reformadores teatrais do século XX, Edward Gordon Craig, conhecido pela teoria da Über-Marionette ou a Super-Marioneta. O diminuto tamanho de cada peça é muitas vezes combinado com vários níveis narrativos, nonsense e humor absurdo. Tudo num ambiente tropical e surrealista, em que outros autores vão intervir, como Tristan Tzara, René Magritte, Jacques Prévert ou Mário-Henrique Leiria, numa narrativa de histórias sem sentido, para tentar descobrir o sentido do mundo, com muito kitsch, qual cadavre exquis, marca habitual no trabalho da Tarumba.
A companhia La Pendue apresenta La Manékine, uma criação inspirada num dos contos mais terríficos dos Irmãos Grimm, A Menina sem Mãos, numa encenação gótica e burlesca, com uma manipulação excelente, que mistura várias técnicas, e música ao vivo interpretada por um homem-orquestra. Os temas da emancipação feminina e do triunfo sobre a adversidade ressoam fortemente neste conto macabro, tornando-o simultaneamente intemporal. La Pendue regressa ao FIMFA, depois de ter maravilhado todos com Tria Fata, apresentado no Teatro São Luiz, na edição de 2017. A companhia francesa também é conhecida por serem os criadores da marioneta Annette para o filme com o mesmo nome, do realizador Leos Carax.
O grupo francês Stereoptik traz um cineconcerto fascinante, manipulado e construído ao vivo. Um poema visual e musical que é um filme de animação e um espetáculo. Tudo ao mesmo tempo. Combina animação, stop-motion, pintura, teatro de objetos e música. Antichambre mergulha-nos no processo criativo de um filme e guia-nos pelo caminho das ideias que lhe deram vida. Não é apenas um espetáculo, é uma explosão de arte ao vivo e uma carta de amor ao processo criativo.

No Teatro do Bairro começamos por salientar uma estreia absoluta: Agencia El Solar. Detectives de Objetos, por Shaday Larios e Jomi Oligor, vindos do México e Espanha. Uma instalação e conferência performativa de teatro de objetos documental comunitário, numa produção especial para o FIMFA. Esta agência de detetives de objetos dedica-se a resolver casos, após residências em diversas comunidades, como carpintarias, jardins botânicos, coleções de museus, bairros gentrificados ou desaparecidos, entre outros. E pela primeira vez abrem todos os seus arquivos, registos e malas, num escritório interativo que é, ao mesmo tempo, um palco e uma instalação. Ao longo dos dias, os oito casos que resolveram serão ativados para partilhar as suas investigações sobre memória, território e comunidade. Shaday Larios e Jomi Oligor já são bem conhecidos dos espectadores do FIMFA, pela sua companhia Oligor y Microscopía, e têm-nos visitado a cada cinco anos, com os seus trabalhos minuciosos e delicados de teatro de objetos documental. Como poderíamos celebrar os 25 anos, sem a sua presença? Um prazer voltar a recebê-los, desta vez no âmbito da Agencia El Solar, e podermos ver os casos resolvidos com a sua linguagem singular.
Os finlandeses Trial & Theatre trazem o teatro mais pequeno do mundo: marionetas microscópicas! Nano Steps - Into the Lab junta ciência e teatro de objetos, com um grupo de marionetistas que utiliza os métodos da física aplicada no palco, introduzindo novas práticas. A olho nu, as micropartículas não podem ser vistas à sua escala, mas podemos ver o seu mundo com a ajuda de microscópios e outras ferramentas. Um universo novo e inesperado, diferente em cada espetáculo, mas que produz momentos fascinantes.
Os coletivos portuenses Sonoscopia & Teatro de Ferro apresentam Capital Canibal. Uma máquina de cena anacrónica e em permanente curto-circuito: salsichas-marionetas, punk, canto lírico e capitalismo triturador. Uma performance para os estômagos mais fortes e os paladares mais requintados...
A Company Midnight traz Us, um espetáculo inesquecível realizado por dois génios do novo circo belga, Joris e Simone, talentosos manipuladores de objetos do quotidiano e, neste caso, de facas, mas mesmo muitas facas! Para este espetáculo, resolveram mergulhar no famoso mundo dos números circenses de arremesso de facas e passaram cerca de três anos a explorar e a inovar esta técnica tradicional. Suspense absoluto com o que conseguem fazer, aliado a um terceiro elemento: a estrutura, onde estão pendurados 100 objetos que podem cair a qualquer momento, ligados por um computador e um único botão vermelho. Todos os efeitos teatrais são totalmente controlados pelos atores no palco. Uma combinação de habilidade, tecnologia e humor de cortar à faca, literalmente! Um espetáculo no limiar do risco, explosivo, hilariante, cheio de suspense e imperdível!

No LU.CA – Teatro Luís de Camões uma programação especial para os mais novos e família, que começa por pontos, passa pelo corpo humano e acaba no ar!
A companhia finlandesa Portmanteau combina circo, dança e artes visuais em Ponto, Ponto, Ponto. Através do movimento, da magia, da acrobacia e de projeções de imagens em antigos retroprojetores, Luis Sartori do Vale e Mira Ravald brincam com a transformação de pontos em linhas, construindo um ambiente visual dinâmico e poético cheio de magia.
Os franceses Justine Macadoux & J-A Dupont Castro com Anatopias, levam-nos numa grande expedição pictórica e musical ao corpo humano! Vamos atravessar as margens das artérias, e pelo caminho, talvez encontremos o coração da montanha. Será que as árvores têm coração? Os vulcões têm artérias? Uma exploração científica, sensorial e poética ao corpo humano, que nos convida a conciliar as estruturas do corpo com as do meio ambiente, e que nos leva a ver os nossos órgãos, células e humores sob uma nova luz, oferecendo um fascinante caleidoscópio do corpo humano, com pintura ao vivo, música e vídeo.
O Théâtre l’Articule vem da Suíça com Em Suspenso, um espetáculo na fronteira entre a marioneta e o circo com uma dupla improvável: um balão e uma trapezista. Um balão-marioneta ganha vida, cresce ao ritmo das quedas, das descobertas e de novos equilíbrios, num ambiente musical inspirado nos universos de Moondog e Erik Satie, na ausência de peso e na força da gravidade.

No Teatro Taborda a companhia francesa Théâtre Gudule traz Santa Pulcinella, que se inspira numa história tradicional que se perpetua há séculos, Pulcinella e il cane, transmitido de marionetista para marionetista há mais de 400 anos. Pulcinella, a famosa personagem da tradição napolitana, um dos primos do nosso Dom Roberto, mas apresentada com um novo sabor e o estilo muito próprio destes jovens e talentosos marionetistas. As diferentes personagens confrontam-se com o herói italiano, com quem se envolvem inevitavelmente em conflitos, partidas, lutas com a moca, perseguições - as malandrices continuam e as gargalhadas explodem. Um espetáculo emocionante para ver em família!

No Teatro Romano uma preciosidade: O Quebra-Nozes: Um Balé de Vegetais pela jovem companhia checa KHWOSHCH Group. Um balé de vegetais absolutamente mágico, para bailarinos de alho, gengibre, beringela, cenoura, abóbara ou couve, seis nozes e um rato, ao som da música icónica de Tchaikovsky. Uma obra emblemática do bailado no palco das marionetas, com uma coreografia inovadora baseada no potencial destes bailarinos únicos, feitos de plantas e cheios de vitaminas!

No Museu de Lisboa - Palácio Pimenta dois dias com três espetáculos, para passarem manhãs ou tardes a FIMFAr em família no jardim do Museu!
E começa logo com o Teatro Dom Roberto que não podia faltar nos 25 anos do FIMFA, mas desta vez vem dos Açores! Sim, é um Roberto Açoriano, pela mão de Ricardo Ávila, que vai apresentar a peça O Barbeiro Diabólico, num ritmo frenético, com surpreendentes efeitos pirotécnicos e ilusões.
De Inglaterra chega o Circo Rum Ba Ba, que tem a particularidade de ser uma companhia de teatro de circo composta só por mulheres, que cria personagens e imagens maravilhosamente bizarras e estimulantes. Vão apresentar Box, uma caixa que parece não ter fundo e de onde saem muitas coisas... Um espetáculo exuberante e cheio de humor, inspirado em Hieronymus Bosch, com dança, seres bizarros, acrobacias, marionetas de sombra e música que começa e termina com... uma caixa!
Hilarilar Marionetas chega de Espanha com The Bellhop e marionetas de fios encantadoras, que nos transporta para a época dourada dos grandes hotéis e dos seus paquetes... Neste caso, uma marioneta sonhadora, desajeitada e preguiçosa, que vai fazer as delícias do público com as suas peripécias!

Na Biblioteca de Marvila a companhia Limite Zero apresenta Próxima Estação, que combina marionetas, atores e um cenário inovador, com vídeo e música, num espetáculo criado a partir do universo poético de Fernando Pessoa para o público escolar.

Na Casa do Comum a criadora belga Griet Herssens mostra-nos Bruno, um rapazinho curioso que está sempre com a cabeça nas nuvens. Quando a guerra chegou à sua cidade decidiu contra-atacar com a sua vizinha Célestine... Um espetáculo surrealista de teatros de papel, sem palavras, que oscila entre a realidade e o sonho, ou em como usar a arquitetura de papel e os mundos pop-up para revelar a beleza e a crueldade incompreensível do mundo.
O Festival é também o momento para a troca de experiências entre artistas e entre estes e o público, para além de um conjunto de atividades complementares, como a exibição de filmes, formação e encontros com os criadores.
Venham FIMFAr connosco!
